sexta-feira, 21 de junho de 2013

A entrega nossa de cada dia

A entrega nossa de cada dia- relação entre a entrega yôguica e a cristã por
Padre Haroldo

Com grande prazer escrevo sobre ishvara pranidbana que é, até o que sabia neste momento, a ideia yôguica que fala mais sobre Amor Divino. Até agora eu não encontrei uma palavra de Patáñjali explicitamente sobre amor divino, mesmo conhecendo bhakti ( quer dizer devoção). Patáñjali fala sobre meditação profunda e religiosa, contemplação, oração e renúncia de todos os frutos de nossas ações. Para mim, isso quer dizer: ´´ Viver no reino de Deus``. Em outras palavras, citta ( o corpo consciente, da qual a mente faz parte) pode ser controlado pela profunda meditação de Deus e total entrega de nosso ego a Ele. Para trazer tudo face a face com Deus e para contemplar Deus como Ele é e entregar tudo a Ele, tem que cair completamente nas mãos dele como o compreendemos conscientemente. Em Yôga, isso quer dizer: dar nosso ego, todas as ações boas e virtuosas, dores e prazeres, alegria e tristezas, relações e deveres á alma universal  que se chama Purusha, Deus ou Ishvara. Nessa entrega, o praticante está esquecido e a graça e o amor lhe esbarram em Deus, enchem o citta como uma chuva torrencial. Deus é completamente o espirito eterno e supremo: ´´ Eu sou quem sou``. Em yôga, o praticante, pela sua força, chega a seu Purusha. No cristianismo,e pela graça e no poder de Deus eterno, o homem recebe livremente a força e graça de Purusha eterno. ´´ Não sabeis que vocês são filhos de Deus``. ´´ E se o espirito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos habita em vós, aquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos dará também a vida aos vossos corpos mortais, por seu espirito que habita em vós``. (rom 8,II). ``Com efeito, os que são conduzidos pelo espirito de Deus, esses é que são filhos de Deus``. (rom 8, I4). Para colocar essas ideias na linguagem de Patáñjali, samadbi (libertação), que é finalidade do Yôga, indico as maneiras para o aspirante chegar lá: não pensar em si mesmo e ter sabedoria,. O mais importante é o caminho de amor e devoção-Ishvara Pranidbhama. Finalmente, todas nossas ações são controladas na chuva e graça de Deus que dá samadhi. Em asthanga yôga incluímos yamas e niyamas ( condutas e preceitos éticos), destacando a não violência, o desapego, a alegria, o auto estudo e finalmente samadhi. Numa figura muito antiga , temos uma carruagem que é nosso corpo, os cavalos são os cincos sentidos, a mente usa as rédeas, o intelecto é quem guia o condutor e a alma é o mestre sentado na carruagem. Praticando o  yôga com a mente sempre indo para o coração e dando amor nas mãos, o aspirante alcança uma sabedoria fantástica e vive em nossa terra com Purusha, chegando na eternidade, face a face com divina majestade. Reze por mim, eu rezo por você.

Fonte: revista yoga journal  fev/mar 2013

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